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sábado, 5 de janeiro de 2008

Silêncio eloqüente

Final de ano é tempo de viajar, é tempo de férias. Pegar a estrada, seguir para longe, muito longe...

Aconselharia a todos que “deixem a cidade para trás”, como diz um grande poeta, e seguir para um lugar calmo, um lugar em que você possa estar acompanhado somente de uma pessoa: você mesma. Nada de aglomerado, nada de ambientes lotados, entupidos de gente. Nada disso. Um lugar que você possa presenciar a alvorada irrompendo, trazendo um frescor indelével. Você contempla, ali, embevecido pelo clarão matinal, e seu espírito se enche de um contentamento...de uma vontade de dizer sim a tudo, e a todas as coisas que você nunca, nunca parou para avaliar. Você diz sim à vida.

À tarde, quando a hora crepuscular desce sobre as montanhas, “frestas entre os mundos”, como diz um sábio índio, se abrem. Os pássaros passam em revoada sobre charcos, lagos e grotas. A última resga do sol é engolida pelas mãos da noite, que chega com seu imenso manto estrelado, e a lua banha de prata as arvores, cercas, casas, pedras homens e coisas. Um silêncio eloqüente irrompe desse mistério.

Que dizer diante de tanta beleza, de tanta profundidade, diante de mim mesmo? um grande encontro.

É quando entre mim e mim, irrompem vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos e sonhos.

Descem pela água minhas neves revestidas de espelhos. Cada lamina arrisca um olhar penetrante, e investiga o elemento que a tinge.

Mas, nesta aventura solitária exposto à correnteza, só recolho o gosto infinito das respostas que encontro, mas também as que não encontro.

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