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sábado, 19 de março de 2011

Platão - O Mundo das Idéias



O Filósofo Platão, que viveu entre 427 e 347 a.C., acreditava que “o universo ou tudo que existia estava dividido em duas partes: o mundo dos sentidos e o mundo das idéias. No mundo dos sentidos só se podia ter um conhecimento aproximado das coisas porque tudo estava mudando a cada minuto. Tudo ‘fluía’, tudo era transitório”. Nosso corpo não é mesmo que Ra a 7 anos atrás; nós mudamos. Nosso corpo não é o mesmo que era a 7 horas atrás. Nosso sangue mudou completamente nesse espaço de tempo. Num espaço de 7 horas ficamos diferentes. Podemos não perceber essa mudança sutil, silenciosa, mas ela está acontecendo ininterruptamente dentro de nós (Oliveira).


Segundo Platão “nunca poderíamos conhecer algo que se transforma constantemente. O mundo material se assemelha, portanto, a uma bolha de sabão”. É transitório, irreal e ilusório.

“Quanto ao mundo das idéias, lá sim havia um mundo imutável. Lá estavam contidas todas as idéias, toda a criação e nossa alma residiam lá nesse mundo superior; e “dentro da alma é que se encontrava a razão a verdade. Quando uma alma descia e encarnava num corpo mortal esquecia desse mundo das idéias perfeitas”. Perdia sua memória. Com o decorrer da vida uma vaga lembrança ia emergindo lentamente dentro do homem e com isso surgiam ao mesmo tempo um anseio, uma saudade e uma vontade de retornar à morada da alma. Essa saudade da sua verdadeira casa Platão chamou de Eros, que significa Amor”.

“O ser humano que experimentava essa sensação, esse anseio amoroso por Deus, essa vontade de retornar à sua morada original, passava a ver o corpo e tudo que era sensorial como assessório, mas imperfeito”. Dessa forma, portanto, “Platão encaixou o corpo do homem nessa divisão. Sua cabeça seria o mundo das idéias e o abdômen seria o mundo dos sentidos. Nessa divisão simbólica, o peito seria uma fase intermediaria entre os dois mundos. Essa divisão não existia apenas fisicamente mas seria alegoricamente a divisão do caminho que o homem teria que trilhar no vôo evolutivo.

Cabeça – Razão - deve aspirar a sabedoria
Peito – Vontade – deve mostrar coragem
Abdômen - - Desejo ou Prazer – deve ser controlado

Portanto, o caminho do Filósofo seria esse: passar pelas três etapas evolutivas. Alcançando o mundo das idéias reais. Isso o conduziria do mundo da Caverna, "lugar onde todos nos encontramos" – belamente narrado na “Alegoria da Caverna” – para a Luz. 

quarta-feira, 16 de março de 2011

A Razão é Divina


Devido as mudanças que ocorreram na ciência desde Galileu, é comum se ouvir comentários negativos sobre a “razão”. A razão é tida como bloqueadora dos aspectos mais elevados que existem no homem, impedido que ele possa transcender. 

Por outro lado proclamou-se ao longo dos séculos que a razão era um dos principais meios para se chegar à certeza. Entretanto, os Filósofos reconheciam – desde a Antiga Grécia – a razão como o mais elevado processo mental do ser humano. A razão tende continuamente para uma unidade de experiência, assim como converter o desconhecido em conhecido. É a razão que busca a causa possível por trás dos efeitos. O espírito que raciocina é o verdadeiro espírito pensante (Lewis).

A palavra razão, na sociedade Ocidental, tem origem em duas fontes: o temo latino “ratio” e o termo grgo “logos”. Segundo Marilena Chaui, ambos os temos são substantivos originados de verbos com sentidos semelhantes em grego e latim. “logos vem do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular”: “Ratio vem do verbo reor, que quer dizer: contar reunir, medir, juntar, separar, calcular(1997, p.59). E o que fazemos, questiona Chaui, “quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos?”. Pensamos, com medida e proporção, de forma ordenada.

Portanto, a razão fornece uma orientação pessoal à nossa vida, porque nos dá uma compreensão e diminui a confusão.

Aristóteles dizia que a razão é uma força imóvel, uma inteligência cósmica (Theo), na qual existe toda forma, toda realidade. Ela move o homem e todas as coisas e os leva a se manifestarem, permanecendo ela própria imóvel.

O Filósofo Plotino (205?-270 A.D) declarava que a razão contemplativa era a alma. Segundo ele, a essência da alma se esforçava para alcançar essa verdade contemplativa que é prerrogativa da Razão Divina. “Nossa razão humana ordinária é muito próxima da razão contemplativa que é a alma” – dizia ele.

Na era Moderna, Immanuel Kant (1724-1804) pensava que nosso mundo apresentava três aspectos:
Um sujeito capaz de pensar e perceber, como o ser humano;
Um mundo composto de fenômenos que são percebidos pelo ser pensante;
Os objetos do pensamento em geral.

Kanta sustentava que a razão procurava abrir a porta para a unidade em cada um desses fatores. Em outras palavras, ele afirmava que a razão se encontrava na busca da alma como base unificadora da atividade do espírito. Podemos deduzir que Kant propunha que a razão fosse  o instrumento que a alma empregasse para dar ao homem um vislumbre da realidade.


John Locke (1732-1704), filosofo Inglês, em seu Ensaio Sobre a Compreensão Humana, perguntava-se porque os homens raciocinavam tão fracamente. E ele prosseguia dando três respostas para sua própria pergunta:

- em primeiro lugar, a maioria das pessoas absolutamente não raciocina. Deixam-se levar pelo pensamento dos outros e mantêm opiniões baseadas na fé e não em suas pesquisas pessoais. A autoridade daqueles em que se baseia a fé produz a certeza, mas isso é perigoso porque leva a aceitação dogmática.
- em segundo lugar, a razão é estorvada pelas emoções. Sentimos antes de refletirmos, na maior parte das experiências. Isso empana nossa verdadeira razão e nos leva a ter um espírito estreito e preconceitos.
- em terceiro lugar, nosso espírito é limitado pela parcialidade: “vemos, mas só vemos em parte; conhecemos, mas só conhecemos em parte. Isso nos leva, então, a generalizar rápido demais.

Somos levados ao conhecimento de nós mesmos (Sócrates) e à abertura dos canais da intuição pela sondagem intelectual da razão. É a razão contemplativa que estabelece um motivo, um objetivo para uma perceptividade intencional da mente.

É abstração do ser humano, por exemplo quanto à Causa Primeira, Deus, ou quanto as causas naturais, que cria para ele a disposição que afinal induz o estado meditativo pelo qual ele pode chegar à experiência transcendental.

Ninguém é esclarecido de repente sobre um assunto a que nunca dedicou o menor pensamento. Deveríamos compreender que as idéias que a mente humana nutre tiveram antes necessidade de terem sido ligadas a um preceito precedente, para serem compreendidas. 

segunda-feira, 14 de março de 2011

O que trazemos de nossa ancestralidade


A civilização humana já tem milhares de anos e velhos vícios comportamentais ainda se perpetuam. Se pudéssemos caminhar pala linha da vida da humanidade e chegássemos próximos de quando o homem apareceu na terra, na sua forma mais primitiva, talvez o que mais caracteriza o ser humano em sua estrutura psicológica e o acompanha até hoje é o MEDO. Quando o homem morava nas cavernas, andava em grupo para manter-se salvo da ameaça dos animais predadores que dividiam com ele no espaço natural (Michel).

O homem evoluiu mentalmente, mas muito pouco em seu instinto. Depois do medo de ser atacado por animais passou a ter medo de membros da sua própria espécie que pudessem saquear o seu alimento, mulheres e bens que ele possuía. Passou então a fazer uso de artefatos para sua defesa. As primeiras armas surgiram nesse período. Esse novo paradigma do medo desenvolveu no homem a habilidade da guerra em nome da preservação de seu grupo. O grupo deu lugar às classes – no advento da sociedade e da divisão de classes – e isso separou os grupos em níveis sociais. A Idade Média foi o palco da força da classe nobre sobre as classes menos favorecidas. O MEDO, do poder dominava os povos vassalos. Aliado ao poder reinante sempre esteve o poder religioso – que se tornava cada vez mais institucionalizado – e juntos governavam as sociedades com mãos de ferro. A fogueira, a guilhotina, a forca e a tortura eram meios de coação bastante usados, poucos ousavam transpor os limites estabelecidos pela elite reinante.

Chegamos e era Moderna e o que vemos não representa muito em termos de mudança. Aliado aos medos de morrer, ficar velho, da doença, da pobreza, da critica e de perder o amor da pessoa amada, poderíamos citar ainda o medo das bombas nucleares, de ser roubado, de ser preso, dos quais poderíamos classificar de MEDOS SOCIAIS porque cria uma sociedade defensiva, separatista, anti-social e isolada em dogmas, sistemas políticos, classes sociais, profissionais e culturais. O totalitarismo, o capitalismo, as ideologias liberais e as religiões não desempenharam papeis de mudanças significativas, para dar a humanidade o que ela mais precisa que é a liberdade. A humanidade se desenvolveu em nível extraordinários no campo das ciências exatas, biológicas, da razão instrumental, e sociais mas falta ainda responder muitas questões no campo da psique humana, do fazer ser. O paradigma humano ainda é o mesmo – O Homem é um ser medroso, acorrentado às suas dúvidas, carências e condicionamentos.

Apesar de se encontrar preso e condicionado a estruturas sociais dogmáticas e outros condicionantes, descobertas da física quântica nos mostram, nessa nova forma de ver a vida e suas relações, que tudo está inter-relacionado. A partir dessa nesga de luz a humanidade encontra um caminho mais auspicioso. A música, a poesia e o canto de um pássaro resgatam no homem a sua essência de ser natural, parte da natureza e não dono dela.

Ao invés de acumulo desmedido, da ganância, de guerras, devemos cultivar flores em nossos jardins, brincar com as crianças, deixar que a inocência das crianças nos mostre o paraíso que perdemos com egoísmo, fazer novos amigos, promover a paz entre os homens e a conciliação entre todas as religiões, ter mais contato com a natureza, mais liberdade para pensar, agir e participar de movimentos sociais e políticos visando o bem-estar comum.

A Inteligência Emocional tem mostrado a irracionalidade da inteligência Racional Instrumental e o lado direito do cérebro já meio esquecido começa a acordar de seu longo sono para mostrar a beleza de uma composição musical, uma bonita obra de arte, uma poesia, um belo recanto natural, o sorriso de uma criança, um amigo que nos alegra a vida ou os momentos com a pessoa amada. Coisas simples como essas resgatam em nós algo que já anda meio perdido - o Humanismo

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