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quarta-feira, 16 de março de 2011

A Razão é Divina


Devido as mudanças que ocorreram na ciência desde Galileu, é comum se ouvir comentários negativos sobre a “razão”. A razão é tida como bloqueadora dos aspectos mais elevados que existem no homem, impedido que ele possa transcender. 

Por outro lado proclamou-se ao longo dos séculos que a razão era um dos principais meios para se chegar à certeza. Entretanto, os Filósofos reconheciam – desde a Antiga Grécia – a razão como o mais elevado processo mental do ser humano. A razão tende continuamente para uma unidade de experiência, assim como converter o desconhecido em conhecido. É a razão que busca a causa possível por trás dos efeitos. O espírito que raciocina é o verdadeiro espírito pensante (Lewis).

A palavra razão, na sociedade Ocidental, tem origem em duas fontes: o temo latino “ratio” e o termo grgo “logos”. Segundo Marilena Chaui, ambos os temos são substantivos originados de verbos com sentidos semelhantes em grego e latim. “logos vem do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir, juntar, calcular”: “Ratio vem do verbo reor, que quer dizer: contar reunir, medir, juntar, separar, calcular(1997, p.59). E o que fazemos, questiona Chaui, “quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos?”. Pensamos, com medida e proporção, de forma ordenada.

Portanto, a razão fornece uma orientação pessoal à nossa vida, porque nos dá uma compreensão e diminui a confusão.

Aristóteles dizia que a razão é uma força imóvel, uma inteligência cósmica (Theo), na qual existe toda forma, toda realidade. Ela move o homem e todas as coisas e os leva a se manifestarem, permanecendo ela própria imóvel.

O Filósofo Plotino (205?-270 A.D) declarava que a razão contemplativa era a alma. Segundo ele, a essência da alma se esforçava para alcançar essa verdade contemplativa que é prerrogativa da Razão Divina. “Nossa razão humana ordinária é muito próxima da razão contemplativa que é a alma” – dizia ele.

Na era Moderna, Immanuel Kant (1724-1804) pensava que nosso mundo apresentava três aspectos:
Um sujeito capaz de pensar e perceber, como o ser humano;
Um mundo composto de fenômenos que são percebidos pelo ser pensante;
Os objetos do pensamento em geral.

Kanta sustentava que a razão procurava abrir a porta para a unidade em cada um desses fatores. Em outras palavras, ele afirmava que a razão se encontrava na busca da alma como base unificadora da atividade do espírito. Podemos deduzir que Kant propunha que a razão fosse  o instrumento que a alma empregasse para dar ao homem um vislumbre da realidade.


John Locke (1732-1704), filosofo Inglês, em seu Ensaio Sobre a Compreensão Humana, perguntava-se porque os homens raciocinavam tão fracamente. E ele prosseguia dando três respostas para sua própria pergunta:

- em primeiro lugar, a maioria das pessoas absolutamente não raciocina. Deixam-se levar pelo pensamento dos outros e mantêm opiniões baseadas na fé e não em suas pesquisas pessoais. A autoridade daqueles em que se baseia a fé produz a certeza, mas isso é perigoso porque leva a aceitação dogmática.
- em segundo lugar, a razão é estorvada pelas emoções. Sentimos antes de refletirmos, na maior parte das experiências. Isso empana nossa verdadeira razão e nos leva a ter um espírito estreito e preconceitos.
- em terceiro lugar, nosso espírito é limitado pela parcialidade: “vemos, mas só vemos em parte; conhecemos, mas só conhecemos em parte. Isso nos leva, então, a generalizar rápido demais.

Somos levados ao conhecimento de nós mesmos (Sócrates) e à abertura dos canais da intuição pela sondagem intelectual da razão. É a razão contemplativa que estabelece um motivo, um objetivo para uma perceptividade intencional da mente.

É abstração do ser humano, por exemplo quanto à Causa Primeira, Deus, ou quanto as causas naturais, que cria para ele a disposição que afinal induz o estado meditativo pelo qual ele pode chegar à experiência transcendental.

Ninguém é esclarecido de repente sobre um assunto a que nunca dedicou o menor pensamento. Deveríamos compreender que as idéias que a mente humana nutre tiveram antes necessidade de terem sido ligadas a um preceito precedente, para serem compreendidas. 

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