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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Gauguin - a alma do artista



Taiti – luxuriantes ilhas verdes num mar de anil. Pontudos picos vulcânicos rasgando o azul do céu. A espuma de uma queda d’água pendendo de sua encosta de jade. Recifes de corais, repletos de uma vida colorida exótica. Pôr do sol multicor tinge o horizonte naquele céu tropical cheio de nuvens. Ondas verde-azuladas, desenrolando numa praia de areia branca ou chocando-se contra a pedra de lava na praia imersa numa noite púrpura. O rico solo vulcânico. As verdejantes florestas tropicais, cheias de árvores com flores aromáticas e arbustos de numerosas tonalidades brilhantes.

Os sons de Taiti – as pancadas de rebentação, uma queda d’água na floresta tropical, os constantes ventos alísios soprando as palmeiras, o cantor místico do povo taitiano.
Os taitianos – nascidos de um mar inquieto e de uma terra colorida – um povo bonito e sensual que acredita que as verdadeiras finalidades da vida é a busca da felicidade nesta antiga terra. Um povo ardente e ousado, numa terra luxuriante.

Paris, 1885. O corretor de valores, Paul Gauguin, acabara de perder tudo no recente colapso da bolsa de Paris. E seu casamento também desmoronara e sua mulher e seus filhos haviam partido para junto do pai dela na Dinamarca. Aos trinta e sete anos, desempregado e sem família, Gauguin podia então se dedicar ao seu verdadeiro amor na vida: “pintar todos os dias”. Acontece que Gauguin aspirava ser um pintor. Anos antes ele começara a pintar como um passatempo. Sua juventude como um marinheiro lhe mostrara outras terras, outras caras e cenas tropicais coloridas, que sem dúvida desencadearam seu interesse pó luz e cor. Ele ansiava por expressar na tela o que sentia dentro de si mesmo. Em 1876, um dos seus primeiros quadros, “ Paisagem em Viroflay “, foi recebido no salão. Animado por esse sucesso e fascinado com o sempre variado jogo de luz solar nos objetos, Gauguin foi inicialmente atraído pelo Impressionismo – a escola de pintura de pintura interessada na representação da luz e seus efeitos na paisagem. No Impressionismo, pinceladas curtas de numerosas cores intensas são usadas para representar ou expressar o jogo da luz sobre os objetos. Muito serio em sua devoção e entusiasmado com os conceitos dos Impressionistas, Gauguin estudou com os pintores dessa escola, Camille Pissarro e Paul Cezanne. Em 1880, foi convidado para expor seus quadros numa famosa mostra Impressionista.

Assim, quando perdeu seu emprego, sua mulher e seus filhos, Gauguin se atirou febrilmente ao seu trabalho de pintura, determinado a expressar seus apaixonados sentimentos sobre a cor e a luz. Sozinho em Paris, sem dinheiro e sem amigos (seus sócios o haviam abandonado), ele continuou a se dedicar a sua pintura, aproximando cada vez mais a sua obra daquilo que sentia interiormente.

Durante seu período mais difícil (fins da década de 1880/90), ele foi influenciado pelos pintores Georges Seurat e Paul Signac, excitados pelas idéias deles sobre as possibilidades expressivas da cor. Foi também influenciado por Vicente van Gogh, com quem estudou brevemente em Arles, em 1888.

Durante esse período, Gauguin começou também a reavaliar seus valores e os valores do mundo dos negócios a que estivera associado. Achou sufocantes os valores materialísticos burgueses da classe média francesa e detestou o que sentiu como a artificialidade da civilização européia (refletida, percebeu ele, em sua própria arte). Gauguin ansiava por um retorno à natureza e a à verdade. Estas idéias foram expressas em sua pintura. Afastando-se do Impressionismo, ele preferiu expressar uma idéia em seus quadros, evocando um sentimento particular no observador. Esse método conceitual de representação influenciaria a pintura de Gauguin pelo resto de sua vida e, aliás, grande parte da arte do século XX.

Em 1891, buscando um novo ponto de partida e cansado de “tudo o que era artificial e convencional”, Paul Gauguin deixou a civilização européia e partiu para o Taiti.




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