Em
2000 foi realizado Segundo Fórum Mundial da Água. Naquela reunião, a água
passou a ser, não mais um “direito inalienável”, mas uma “necessidade humana”.
Esta
afirmação leva a justificar, do ponto de vista dos limites à substituição de
uma postura mercantilista dos recursos hídricos, o processo em curso de desregulamentação e
privatização deste recurso natural.
A água e o ar são bens comuns à humanidade,
cuja exploração e lucro foram privatizados, mas o ônus causado pela degradação
desses recursos é comunitário.
A Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou, em julho de 2010, a proposta
apresentada pela Bolívia, e apoiada por outros 33 Estados, de declarar o acesso
à água potável como um direito humano. De fato, o acesso à água é um direito que os governos devem
garantir aos seus cidadãos. Então, mantendo descentralizado, o controle
independente é um requisito essencial, necessitando de mecanismos de governança
reforçados. É também crucial para a prevenção de conflitos no momento em que a
tensão sobre este recurso vital está aumentando em todo o mundo.
É certo que vivemos uma
estreiteza de visão de nós e de nossa relação com os demais e com as diferentes
formas de vida que nos fazem companhia neste planeta azul. E isso tem sido a
principal causa do desequilíbrio que assistimos em nosso tempo.
Consoante estatística da ONU, presentemente carecem de acesso a água potável
mais de 1 bilhão de pessoas distribuídas em regiões e países acometidos do
problema de escassez de água, motivada por lençóis freáticos que secaram, insuficiência
de precipitações, contaminação, desertificação, etc, como é o caso da China,
Oriente Médio, México, África do Norte, Califórnia, Cingapura e outros. Até 2025
– segundo a ONU – devido ao crescimento populacional a disponibilidade das provisões
dessas pessoas constitui uma agravante na solução do problema, mormente quando
ainda se discute a viabilidade econômica de um projeto sobre a maciça exportação
de água, que exigiria elevados investimentos na construção de supernavios –
tanques, aquedutos, túneis, canais especiais e outras estruturas próprias.
Como se percebe, é preciso aumentar o grau de consciência das pessoas,
para que tenham uma percepção de seu papel na vida
conjunta e de si mesmo, o que demanda um permanente grau de organização interna. Como fazer isso? Como fazer com que esse complexo papel
da orientação individual adquira consciência para a inter-subjetividade, se os indivíduos não superaram a alienação?
Helder Modesto - Filósofo, escritor e professor
Helder Modesto - Filósofo, escritor e professor