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terça-feira, 28 de julho de 2009

Rimbaud e Jim Morrison - do Dr. Wallace Fowllie


 
O livro do Dr. Fowllie é mesmo um livro imprescindível. O Livro é excelente. Recomendo. Não se pode falar de The Doors, de Jim Morrison sem passar pela Literatura. Impossível.

De fato, Jim tinha uma admiração muito grande por Rimbaud, e tem até um musica que ele fez que se refere a Rimbaud, que é Wild Chlid. Entretanto, destaco aqui “Uma Temporada no Inferno”, que é marcado por uma “intensidade”,por uma intempestividade, mas por uma rebeldia modelar. E essa rebeldia, analisa muito em o Dr. Fowllie, é o arquétipo da expansividade, da busca, do impulso para descobrir-se, para encontrar respostas, para “quebrar barreiras”, para avançar e pela ousadia em descobrir novas rotas, mas que contrasta com o comodismo da vida domesticada dos adultos, com pensamentos e valores já cristalizados. Como diz Paulo Hecker, “a vida de Rimbaud é tão inconvencional que estar a par do que viveu faz entender melhor o que escreveu”. Esse comportamento de Rimbaud levou Claudel a referir-se a ele como“um místico em estado selvagem”. “De temperamento rebelde, ele foge varias vezes de casa e choca a comunidade local pelo seu modo de vestir-se e comportar-se”. Parece que ele tem um companheiro assim, nascido na América.

Uma temporada no inferno é um livro que também revela “uma angustia, uma dor, um grito, uma violência raramente expressos com tanto vigor e comunicabilidade”. Esse temperamento de Rimbaud fazia Jim Morrison se sentir em companhia, pois só quem sente tamanho abrasamento na alma pode encontrar os seus. Não é à toa que ele mesmo dizia: “meus ídolos são escritores e artistas”.Ou seja, ninguém mais faz companhia a ele. A vida vulgar e acomodada das pessoas em sociedade não é o lugar para esses espíritos incendiários. Eles parecem não encontrar na sociedade quem possa saciar as suas angústias existenciais. Eles têm fome de todas as coisas elevadas. “Aguardo Deus com gula”, disse Rimbaud.

Ninguém os dá regras, eles é que são “os legisladores de um mundo nascente”. Vivem conforme seus “daimons”, e esses demônios não descansam nunca. Nada parecem temer, e chega a dizer, nesse afã de saciar sua sede de vida:

Ah! Estou tão abandonado
que ofereço à não importa que
imagem divina os impulsos para a perfeição.

Rimbaud

Na mesma linha intempestiva e agônica de mergulhar nas grandes profundezas, diz

Jim Morrison

Ó grande criador de todas as coisas,
dai-nos uma hora a mais,
para que possamos aperfeiçoas nossas vidas.
O mar por onde eles viajam não tem porto de chegada, não tem margem, só a infinidade.
“quero desvelar todos os mistérios: mistérios religiosos ou naturais, morte, nascimento, futuro, passado, cosmogonia, nada”.

Rimbaud

“um homem em busca do paraíso perdido pode parecer um tolo 
Aos olhos daqueles que nunca procuraram o outro mundo”.
 
Jim Morrison

Eles não encontram companhia de quem possa dividir tamanho gênio e temperamento. Seus “daimons” os fazem parecer assustadores:
“quero me parecer assustador como um Mongol”.

Rimbaud.

E por isso eles prosseguem sós, sempre em busca do Paraiso:
“sou um homem solitário
Deixa-me regressar ao paraíso”

Jim Morrison

Enfim, esses homens possuem tudo o que mais a sociedade (família, amigos, igrejas, escolas) querem tirar deles: a rebeldia, o gosto pelo desconhecido, a procura de si mesmo, a vontade de desbravar o imenso mar da vida...singrar sem parar, até que os deuses o convidem – pela sua coragem e beleza - a tomar parte no palácio do excesso, porque somente os deuses são excessivos, os covardes são medíocres, são moralistas (“a moral é a fraqueza do cérebro”, Rimbaud), gananciosos e preguiçosos. Querem todos servindo na imensa senzala.

“Acordem”! Vociferava Jim Morrison. Mas a maioria prefere o sono da servidão, da indolência e da ignorância.

“Se estivesse bem acordado sempre, a partir deste momento, chegaríamos logo a verdade(...)foi este momento do despertar que me deu a visão da pureza”

Rimbaud

 


 

segunda-feira, 27 de julho de 2009

JIM MORRISON - O Guia Para O Labirinto




Bom, aqui só podemos sugerir imagens, como diz o poeta Mallarmé. Estamos diante do simbólico. Ele é condutor de sentido, que é o faz o homem relacionar-se com o ausente.

Não é à toa que o mito do labirinto apresenta um fio. No momento em que imagens se sucedem, o espírito humano não pode recusar um fio que desfaça o problema da sua relação com o outro e com o mundo.

E as pessoas se relacionam, tecem uma trama comum com seus fios, que não são idênticos. "Rousseau sonhava com um meio de comunicação imediato, quase telepático, uma língua que dispensasse a mediação simbólica, que exprimisse diretamente pensamentos e sentimentos" (Lévy, 1998: 36). Sartre dizia “que o que vicia entre as relações entre as pessoas era que cada um conserva, na relação com o outro, alguma coisa de oculto, de secreto (...)a transparência deve substituir o segredo.

O labirinto não é só o fato arquitetônico de uma prisão, é também o deserto possível como um labirinto que nos apresentou Jorge Luiz Borges, e ainda o contra-fato, o labirinto como expressão da liberdade, o perder-se como o encantar-se sem controle perante o mundo.

Como sair dele? Nós já estamos nele. Ele é uma Matrix. Sair da Matrix representa sair da prisão da mente, da ilusão de que a realidade é só isso pelo qual os homens lutam, vivem e morrem. Ela é só um representação, Maya. A realidade se esconde bem próxima, vizinha, mas ela está Other side. Então, é preciso Break on Through (to the Other Side. O outro lado é bem conhecido pelos Xamãs, pelos poetas videntes, misticos em estado alterado. Jim Morrison era um deles. Por isso ele quer mostrar o caminho, quer ser o guia para o labirinto. Quer conduzir para uma outra forma de viver, de ver, de celebrar, se sentir, de amar. É preciso coragem para seguir o guia.

O Poeta/Xamã imita a dançaque se comemorava em Creta, chamada“dança de Teseu”, onde o estado alterado provocará uma mudança súbita na consciência, levando-o a abrir os canais do subconsciente por onde ele verá toda a realidade como é, limpa e infinita.

E nessa dança xamanica o labirinto conduzirá o homem ao interior de si mesmo, ao seu santuário interior. Mas a chegada ao centro do labirinto, como o fim de uma iniciação, introduz o iniciado numa cela invisível, que os artistas do labirinto sempre deixaram em volto em mistérios.


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