O livro do Dr. Fowllie é mesmo um livro
imprescindível. O Livro é excelente. Recomendo. Não se pode falar de The Doors,
de Jim Morrison sem passar pela Literatura. Impossível.
De
fato, Jim tinha uma admiração muito grande por Rimbaud, e tem até um musica que
ele fez que se refere a Rimbaud, que é Wild Chlid. Entretanto, destaco aqui
“Uma Temporada no Inferno”, que é marcado por uma “intensidade”,por uma
intempestividade, mas por uma rebeldia modelar. E essa rebeldia, analisa muito
em o Dr. Fowllie, é o arquétipo da expansividade, da busca, do impulso para
descobrir-se, para encontrar respostas, para “quebrar barreiras”, para avançar
e pela ousadia em descobrir novas rotas, mas que contrasta com o comodismo da
vida domesticada dos adultos, com pensamentos e valores já cristalizados. Como
diz Paulo Hecker, “a vida de Rimbaud é tão inconvencional que estar a par do
que viveu faz entender melhor o que escreveu”. Esse comportamento de Rimbaud
levou Claudel a referir-se a ele como“um místico em estado selvagem”. “De
temperamento rebelde, ele foge varias vezes de casa e choca a comunidade local
pelo seu modo de vestir-se e comportar-se”. Parece que ele tem um companheiro
assim, nascido na América.
Uma
temporada no inferno é um livro que também revela “uma angustia, uma dor, um
grito, uma violência raramente expressos com tanto vigor e comunicabilidade”.
Esse temperamento de Rimbaud fazia Jim Morrison se sentir em companhia, pois só
quem sente tamanho abrasamento na alma pode encontrar os seus. Não é à toa que
ele mesmo dizia: “meus ídolos são escritores e artistas”.Ou seja, ninguém mais
faz companhia a ele. A vida vulgar e acomodada das pessoas em sociedade não é o
lugar para esses espíritos incendiários. Eles parecem não encontrar na
sociedade quem possa saciar as suas angústias existenciais. Eles têm fome de
todas as coisas elevadas. “Aguardo Deus com gula”, disse Rimbaud.
Ninguém
os dá regras, eles é que são “os legisladores de um mundo nascente”. Vivem
conforme seus “daimons”, e esses demônios não descansam nunca. Nada parecem
temer, e chega a dizer, nesse afã de saciar sua sede de vida:
Ah!
Estou tão abandonado
que
ofereço à não importa que
imagem
divina os impulsos para a perfeição.
Rimbaud
Na
mesma linha intempestiva e agônica de mergulhar nas grandes profundezas, diz
Jim Morrison
Ó
grande criador de todas as coisas,
dai-nos
uma hora a mais,
para
que possamos aperfeiçoas nossas vidas.
O
mar por onde eles viajam não tem porto de chegada, não tem margem, só a
infinidade.
“quero
desvelar todos os mistérios: mistérios religiosos ou naturais, morte,
nascimento, futuro, passado, cosmogonia, nada”.
Rimbaud
“um
homem em busca do paraíso perdido pode parecer um tolo
Aos
olhos daqueles que nunca procuraram o outro mundo”.
Jim Morrison
Eles
não encontram companhia de quem possa dividir tamanho gênio e temperamento.
Seus “daimons” os fazem parecer assustadores:
“quero
me parecer assustador como um Mongol”.
Rimbaud.
“sou
um homem solitário
Deixa-me
regressar ao paraíso”
Jim Morrison
Enfim,
esses homens possuem tudo o que mais a sociedade (família, amigos, igrejas,
escolas) querem tirar deles: a rebeldia, o gosto pelo desconhecido, a procura
de si mesmo, a vontade de desbravar o imenso mar da vida...singrar sem parar,
até que os deuses o convidem – pela sua coragem e beleza - a tomar parte no
palácio do excesso, porque somente os deuses são excessivos, os covardes são
medíocres, são moralistas (“a moral é a fraqueza do cérebro”, Rimbaud),
gananciosos e preguiçosos. Querem todos servindo na imensa senzala.
“Acordem”!
Vociferava Jim Morrison. Mas a maioria prefere o sono da servidão, da
indolência e da ignorância.
“Se
estivesse bem acordado sempre, a partir deste momento, chegaríamos logo a
verdade(...)foi este momento do despertar que me deu a visão da pureza”
Rimbaud