Bom,
aqui só podemos sugerir imagens, como diz o poeta Mallarmé. Estamos diante do
simbólico. Ele é condutor de sentido, que é o faz o homem relacionar-se com o
ausente.
Não
é à toa que o mito do labirinto apresenta um fio. No momento em que imagens se
sucedem, o espírito humano não pode recusar um fio que desfaça o problema da
sua relação com o outro e com o mundo.
E
as pessoas se relacionam, tecem uma trama comum com seus fios, que não são
idênticos. "Rousseau sonhava com um meio de comunicação imediato, quase
telepático, uma língua que dispensasse a mediação simbólica, que exprimisse
diretamente pensamentos e sentimentos" (Lévy, 1998: 36). Sartre dizia “que
o que vicia entre as relações entre as pessoas era que cada um conserva, na
relação com o outro, alguma coisa de oculto, de secreto (...)a transparência
deve substituir o segredo.
O
labirinto não é só o fato arquitetônico de uma prisão, é também o deserto
possível como um labirinto que nos apresentou Jorge Luiz Borges, e ainda o
contra-fato, o labirinto como expressão da liberdade, o perder-se como o
encantar-se sem controle perante o mundo.
Como
sair dele? Nós já estamos nele. Ele é uma Matrix. Sair da Matrix representa
sair da prisão da mente, da ilusão de que a realidade é só isso pelo qual os
homens lutam, vivem e morrem. Ela é só um representação, Maya. A realidade se
esconde bem próxima, vizinha, mas ela está Other side. Então, é preciso Break on Through (to the Other Side. O outro lado é bem
conhecido pelos Xamãs, pelos poetas videntes, misticos em estado alterado. Jim
Morrison era um deles. Por isso ele quer mostrar o caminho, quer ser o guia para
o labirinto. Quer conduzir para uma outra forma de viver, de ver, de celebrar,
se sentir, de amar. É preciso coragem para seguir o guia.
O
Poeta/Xamã imita a dançaque se comemorava em Creta, chamada“dança de Teseu”,
onde o estado alterado provocará uma mudança súbita na consciência, levando-o a
abrir os canais do subconsciente por onde ele verá toda a realidade como é,
limpa e infinita.
E
nessa dança xamanica o labirinto conduzirá o homem ao interior de si mesmo, ao
seu santuário interior. Mas a chegada ao centro do labirinto, como o fim de uma
iniciação, introduz o iniciado numa cela invisível, que os artistas do
labirinto sempre deixaram em volto em mistérios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário