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terça-feira, 9 de julho de 2013

Partidos e a Crise da representação




A ideia de “representação” na política, desgastada e sem apresentar mais nenhuma alternativa para os problemas em sociedade, claudica ante a força e a insistência dos novos ares, mas encontra na mídia e em quase todos os partidos o velho discurso para desvirtuar a realidade inarredável.

As manifestações mostram o quanto os partidos políticos não conseguem mais traduzir a ideia de representação, tão deslocada do universo da política, mas que durou bastante tempo.

Os partidos políticos servem como propriedade privada das oligarquias. Cada região tem seus controladores, seus grupos que se apoderam do partido para fins próprios.

Querer assumir essa posição de mera representação, lugar mais apropriado ao pensamento antidemocrático moderno, bem característico da direita. O papel da esquerda, por outro lado, significa não esquecer-se de sua origem, que é revelar o real que se ocultou na imobilidade das representações. Mas ela parece não se lembrar mais disso.

Entretanto, a realidade, naquilo que Wittgenstein simboliza na figura do pato-lebre, relaciona-se com esse padrão estabelecido, mas que escorrega e se mostra a despeito de todo esforço para o controle da realidade por meio das “representações”. A realidade social, indo direto ao ponto, mesmo sob o véu ideológico (no sentido de que fala Althusser), se mentem até que se abre uma fissura e rasga o véu encoberto pela hegemonia das dominações.

“Representar significa estar no lugar de, falar por e agir por”, enquanto os representados mantêm-se dependentes, oprimidos, alienados, obedientes, encurralados, esperando receber as migalhas dos seus representantes, ou seja, a representação, se pegarmos o caso Brasil, é algo que agradaria muito a um Buke e Benjamin Constant, para quem as "elites" é quem decidem os destinos políticos dos seus representados. Ninguém mais. É ai que se aloja a dialética do senhor e do servo, bem analisada por Hegel na Fenomenologia do Espírito.

Para os grupos dominantes, com apoio de determinados setores da imprensa, com seus discursos de pretensão democrática, ecoa a voz do senhor imperial e da casa grande. Sob essa suposta limpidez da consciência senhorial internalizada, decreta-se a prisão de outras consciências não reconhecidas, que amargam o sofrimento, os gritos silenciosos da dor engastada na pobreza, na violência de todas as formas: física, psíquica e simbólica, até que o estigma de Caim (Eugênio), que persegue as consciências infelizes, avise: por onde andarem, a vida os acusará porque violaram a sua suprema sacralidade.

Essa crise de representação dos partidos políticos, portanto, pode muito bem significar o início de uma nova forma de destravar os caminhos da democracia. É o momento em que a real participação e embates entre a face instituída (as formas, regulamentos, normas estabelecidas, engessadas) e os movimentos instituintes (as forças que tensionam o instituído a produzem mudanças) encontra o seu esgotamento e abre o lugar para o instituinte.




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