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terça-feira, 20 de abril de 2010

Urdiduras do tempo e esquecimento


Somos essa estranha combinação da urdidura do tempo: passado, presente e futuro, mas que se juntam na imediatidade do possível, enquanto descoberto da determinação interior e simultânea instauração de si. À semelhança de um teatro de sombras, em cada figurino afirma cenas visivelmente guardando e encobrindo a outra de si numa sugestão de infinito; onde uma ignota narrativa prossegue em constante dependência e favorecimento mútuos, descobrindo um processo regressivo e progressivo que possibilita a recordação do que sempre se é: impossibilidade de dizer-se de modo definitivo o Ser ante às derivações manifestas e ocultas como participativa do mundo.

Em tempos de massificação, onde o sujeito aparece como um produto da construção coletiva, asfixiante, cativo das imagens construídas numa totalidade imposta e dominadora, o ente se esmaece ante os múltiplos adereços em operações miméticas e esquecidos de seu destino. Juntos, todos juntos, e totalmente sós, mas encantados consigo mesmo, num narcisismo em constante auto-epelhamento, com as pálpebras pesadas pelo sono provindo do tédio e da repetição incompreendida.

É tempo de esquecimento, diria Heidegger. O ser que esqueceu que se esqueceu. É tempo em que se esquece o próprio esquecimento. E nesse esquecimento de si, prossegue na imediatidade do possível, à cata dos prazeres opacos da utilidade. 

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