É sintomático a falta de discussão séria sobre o Brasil. A mídia,
até alguns anos atrás, era muito elogiada pela qualidade de suas matérias, pelo
alto nível das discussões debatidas, além da constante participação dos grandes
intelectuais nessas questões, seja politica, educacional e artística. Passado
algum tempo, porém, a mídia foi abandonando seu papel mediador de evidenciar as
linhas de força que se esboçam nas transformações da atualidade e num Brasil
que ainda mantém as marcas de seu passado colonial, onde instituições políticas
incorporaram elementos patrimonialistas e cartorialistas da estrutura
burocrática do Estado português.
O que caracteriza essa perda e esse abandono das discussões e das
ideias, tão fortemente travadas em tempos atrás? Quais os motivos que levaram
ao desaparecimento de suas inserções no espaço público, herdados dos ideários
republicanos iluminista, responsável pelos grandes avanços dos verdadeiros
valores humanos? Não resta dúvida que, ao abandonar seu papel mediador da
formação da complexidade social e histórica, além desse efeito substantivo
direto, entrou em retrocesso. Agora, mais preocupada em defender interesses de
grupos ou partidos, vem ocupando seu espaço com outras questões de cunho
neoliberal e privatista.
Em decorrência dessas mudanças sofridas na forma de pautar as
noticias e as discussões públicas, que obedecem agora muito mais aos interesses
de determinados grupos, em contraste com as próprias mudanças que ocorrem com
os avanços tecnológicos, que surgem como facilitadores de comunicação, da
inclusão de grupos antes marginalizados, fora do exercício da democracia,
alargando a capacidades de transformações, o suporte estável da comunicação,
tão importante para fortalecer a democracia, ou seja, a noção de coletividade
que só dá à coisa pública uma conotação política, sem os principais meios
mediadores que fazem a troca de opiniões, descentralização e democratização das
instancias públicas, minam a capacidade de gerar um debate crítico na esfera
pública, vinculando a submissão da esfera pública a interesses privados e/ou de
grupos, encobrindo e manipulando fatos da realidade social, historicamente
marcada pela divisão de classes.