É sintomático a falta de discussão séria sobre o Brasil. A mídia,
até alguns anos atrás, era muito elogiada pela qualidade de suas matérias, pelo
alto nível das discussões debatidas, além da constante participação dos grandes
intelectuais nessas questões, seja politica, educacional e artística. Passado
algum tempo, porém, a mídia foi abandonando seu papel mediador de evidenciar as
linhas de força que se esboçam nas transformações da atualidade e num Brasil
que ainda mantém as marcas de seu passado colonial, onde instituições políticas
incorporaram elementos patrimonialistas e cartorialistas da estrutura
burocrática do Estado português.
O que caracteriza essa perda e esse abandono das discussões e das
ideias, tão fortemente travadas em tempos atrás? Quais os motivos que levaram
ao desaparecimento de suas inserções no espaço público, herdados dos ideários
republicanos iluminista, responsável pelos grandes avanços dos verdadeiros
valores humanos? Não resta dúvida que, ao abandonar seu papel mediador da
formação da complexidade social e histórica, além desse efeito substantivo
direto, entrou em retrocesso. Agora, mais preocupada em defender interesses de
grupos ou partidos, vem ocupando seu espaço com outras questões de cunho
neoliberal e privatista.
Em decorrência dessas mudanças sofridas na forma de pautar as
noticias e as discussões públicas, que obedecem agora muito mais aos interesses
de determinados grupos, em contraste com as próprias mudanças que ocorrem com
os avanços tecnológicos, que surgem como facilitadores de comunicação, da
inclusão de grupos antes marginalizados, fora do exercício da democracia,
alargando a capacidades de transformações, o suporte estável da comunicação,
tão importante para fortalecer a democracia, ou seja, a noção de coletividade
que só dá à coisa pública uma conotação política, sem os principais meios
mediadores que fazem a troca de opiniões, descentralização e democratização das
instancias públicas, minam a capacidade de gerar um debate crítico na esfera
pública, vinculando a submissão da esfera pública a interesses privados e/ou de
grupos, encobrindo e manipulando fatos da realidade social, historicamente
marcada pela divisão de classes.
Por isso que temos a mídia livre, caracterizada pela internet, aonde podemos ter liberdade de expressar o que pensamos e o que somos sem fomentos de interesses escusos.
ResponderExcluirO esclarecimento não pode ser impedido, apenas parcialmente obstruído
Todavia amigo, quanto sua ultima frase, reside aí um pensamento muito abstrato, no sentido mais hegeliano da coisa
Ao dizer que se manipula fatos da realidade social, marcada historicamente pela divisão de classes, existe aí um conceito derivado já de uma análise dialética da história. Ora, ao saber a tese da dialética hegeliana prevê que após a consciência submeter o saber fenomênico ao pensamento crítico, partindo da negação dará origem a um novo conceito, que será mais uma vez pautado como saber fenomênico, e portanto deverá mais uma vez ser negado, para que a síntese dialética da histórica jamais tenha fim.
Ou seja, a realidade divida pela divisão de classes é uma análise que precisa ser levada mais uma vez a crítica. Hoje, com as medidas já alcançadas pelas visões sociais ao longo de todo o século XX, não temos mais a mesma realidade vivida por Hegel ou posteriormente por Marx
A "luta de classes" apontada por Marx e Engels já não reflete mais a identidade do planeta.
Hoje, entre avanços científicos, tecnológicos, sociais e filosóficos possuímos uma consciência bem diversa do que no século XIX
Falar em "luta de classes" hoje soaria tão ridículo quanto falarmos do poder estatal da Igreja. Foram marcas de uma época que hoje precisam ser reavaliadas em seu contexto.
No contemporâneo não vivemos mais as cicatrizes da segunda guerra, nem da primeira etapa da revolução industrial, vivemos uma nova era que nos permite grandes avanços. Vivemos o avanço do capital balanceado com políticas sociais que cada vez mais garantem ao indivíduo o mínimo de dignidade.
São essas politicas que devemos apoiar no Brasil: uma economia liberal, que fomente o crescimento das empresas e indústrias e que garanta ao brasileiro miserável um mínimo de dignidade que o permita crescer por suas próprias pernas.
Os interesses particulares devem ser fomentados sim,e muito. É a competitividade entre as pessoas que garantirá que nossa consciência coletiva passará do saber fenomênico para o saber científico!
E a dignidade humana também deve ser fomentada, minimamente para as condicionar o indivíduo a participar da competitividade da vida!
Essa é uma nova era aonde as classes sociais vão lentamente desmembrando suas consciências e se tornando unificadas em um modelo de pensamento não mais determinado pelo econômico, mas sim pelo valor da consciência em sua capacidade de compreensão e cognição do mundo!
O século XIX já acabou, o XX também, bem vindo ao século XXI