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segunda-feira, 27 de abril de 2009

ΚΑΤΑ ΤΟΝ ΔΑΙΜΟΝΑ ΕΑΥΤΟΥ - Jim Morrison



ΚΑΤΑ ΤΟΝ ΔΑΙΜΟΝΑ ΕΑΥΤΟΥ significa “de acordo com o seu próprio daimon”, e/ou "fiel a seu espírito" Daimona é uma palavra bem próxima do sentido de "daimon". Dainon é uma palavra grega e não trem tradução. Para os gregos, porém, ela é uma vontade interior. Na Grécia antiga significava Théo (Deus)(vide Sócrates), ou o ‘genius” dentro do próprio homem(do grego "génô"), tal como fala Heráclito. “Genius” é o poder da alma. Enfim, daimon é o demônio interior de cada um de nós. Entretanto, esse demônio não tem nada a ver com a denominação Cristã, principalmente, no que se refere ao Neopentecoltalismo e suas sessões de descarrego. Não é exorcismo.

Como se pode apreender do texto, Jim está feliz em ler isso em seu túmulo em Pére Lachaise.

Seguir a voz do próprio “daimon” ,ou "ser fiel a seu espírito" têm muitas implicações. Uma delas é o medo de seguir os seus próprios impulsos, isto é, poucos têm coragem para se despir das amarras que a sociedade os veste e passe a seguir o seu “daimon interior”. O primeiro problema está em reconhecer que cada um é portador se uma subjetividade, de uma personalidade própria. O segundo seria em desfazer-se dos estereótipos, dos modelos de comportamentos padronizados, das crenças e cultos impostos – a maioria por medo, consciência pesada, sentimento de culpa, complicações, inibições, que é o que Freud denominou de super-ego. Esse super-ego é um construto histórico e social. Todas as sociedades o têm. Jung expressa esse ponto de vista de que estamos sob pressão de dois fatores: a do código coletivo ético, que varia de nação para nação e, geralmente, dita nosso comportamento ético, e a de um impulso moral pessoal, que é individual e não coincide com o código coletivo ( que em nossa sociedade se combina com a tradição religiosa patriarcal judaico-cristã).
Podemos perceber, então, que existem duas coisas que ditam o comportamento humano: o super-ego freudiano e a reação moral pessoal do individuo. Essa ultima, que às vezes coincide com o código coletivo é conhecido como a voz de Deus: os romanos a chamariam de “genius”, Sócrates diria “meu daimon” e os índios Naskapi, da Península do Labrador, a chamariam de “Mistap’eo”, o grande homem que vive no coração de cada um. Em outras palavras, é uma figura que poderíamos chamar de arquétipo do Self, o centro Divino da psique que em outras culturas naturalmente adquire nomes e conotações diferentes. Se esse fenômeno surge dentro de nós, geralmente temos um estranho sentimento de certeza com relação ao que fazer e o que precisamos fazer, não importando o que o código coletivo possa dizer a respeito. Em geral a voz não somente diz o que fazer mais inclusive cria uma convicção pessoal pela qual o individuo poderá até morrer, como aconteceu com Sócrates e a vários mártires cristãos.
Quem é capaz de ser "fiel a seu espírito" sem se dobrar ante o peso do mundo? Quem é capaz de "retidão" de espírito e não soçobrar ante a engrenagem da sociedade?
Jim compreendia perfeitamente a reflexão do seu mestre Nietzsche, que afirmava: " a retidão, supondo-se que seja nossa virtude, da qual não podemos nos livrar, nós, espíritos livres, e então queremos trabalhar em torno dela com toda a nossa malignidade, com todo nosso amor, sem deixar de nos aperfeiçoar nesta nossa virtude, a única que nos restou".
Seguir a retidão, ser "fiel a seu espírito" é o contrário daqueles que têm a vontade fraca, que servem e são parte de rebanhos, que seguem ao acaso. Não, isso não acontece para aqueles que têm retidão, que são "fieis ao seu espírito". Para os fracos, porém, diz Rilke:
"Ao capricho dos acasos ele prossegue, vascilante,
pois há uma tendo apregoando ruidosa para cada anseio".









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