Para Mike
Davis, um dos pesquisadores mais respeitado no mundo, autor do livro "Planeta
Favela" (2006), mostra uma minuciosa pesquisa sobre a favelização em todo
o mundo. A história mostra que a humanidade sempre se organizou em torno de
grupos que dominam, que se apropriam das riquezas da terra, dos seus recursos,
enquanto o restante fica a margem, padecendo dos sofrimentos causados pela
ganância dos poderosos.
Com a
implementação do neoliberalismo que se iniciou nos anos 80 a marcha da exclusão
ganharia proporções maiores. Aqueles que já não têm acesso à saúde, educação e
moradia, dada a sua exclusão pelos mais fortes, passam a ficarem cada vez mais
vitima do sistema que se reforça, privatizando todos os meios de proteção e de
conquistas de direitos.
A exclusão
está visivelmente escancarada pela
favelização que ocorre em todo o mundo. Segundo Mike Davis 78,2% das populações
dos países pobres é de favelados. Atualmente, mais de um bilhão de pessoas vive em
favelas.
Expropriados
de fazerem parte dos que têm o poder e a força, milhões de crianças são
exploradas, escravizadas, lançadas a toda sorte de perversidade.
Se, realmente, vivemos numa época de perplexidades, com
a divisão internacional do trabalho e com a fragmentação do processo
produtivo por todo o planeta, parte da
humanidade se apropria das riquezas e exclui milhões, enquanto a ONU prevê
fortíssimo crescimento urbano até 2030, onde 80% da população viverão em
cidades.
Se não houver políticas públicas como prioridade para
reduzir essas imensas diferenças, as desigualdades,
segregação e pobreza numa dialética da exclusão/inclusão nos
frios mecanismos do mercado e da democracia formal, mostrando como a cidade
capitalista mantém suas contradições, esse foço continuará crescendo.
É
nesse cenário que se destaca a questão da alteridade no enfrentamento do Outro,
em seu sentido ampliado, como o não familiar, o estranho e o estrangeiro. Nesse
sentido, a desigualdade socioeconômica – também cultural e política – determina
quem é outro, utilizando- se de argumentos racistas e xenófobos (Véras,
2001).
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