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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

TV: os riscos e o seu papel


A televisão, desde que começou a se transformar no poderoso meio de comunicação que é hoje, passou a ser tema de análises, estudos e discussões. E não é à toa que isso acontece. Afinal, sabemos, ela pode servir para transmitir informação e cultura, mas em se tratando de Brasil, país com sérios problemas sociais, hierarquizado, onde prevalecem os grupos que detêm quase toda a riqueza do que é produzido, ela tem servido muito mais para manter interesses de classe.

Por outro lado, estudiosos se debruçam sobre esse fenômeno de massa, argumentando que ela contribui muito para dilacerar os laços sociais e/ou familiares e que influencia demasiadamente na formação da visão de mundo e da realidade das pessoas.

Estudiosos apontam o fato de que a televisão afasta os jovens da leitura, afetando a sua capacidade de imaginação, porque, ao ler um livro, a capacidade de imaginação ganha asas, fazendo com que o leitor exercite sua capacidade inventiva, participando da construção do lugar ou da cena; na TV, ao contrario, tudo é dado pronto.

Diante dessa constatação, estudiosos apontam outros problemas relacionados a esse veiculo de massas: qualidade dos programas oferecidos ao  grande público. “Há programas apelativos; programas humorísticos com personagens grotescos, preconceituosos; filmes em que a violência é mostrada como forma de resolver os problemas; programas infantis que, mais do que educar e divertir as crianças, criam nelas o desejo de possuir, comprar e consumir” (FERREIRA, 86, 2002).

Num mundo administrado, regido pela máquina publicitária que rege o mercado, a TV, veiculo a serviço de catapultar índices  de audiência, recorre a todos os tipos de apelação, na tentativa de manter os telespectadores hipnotizados, mecanicamente trocando de canal.

Recentemente, pediatras italianos lançam campanha "um dia sem televisão”. Por quê? Além da questão falada acima, a TV traz outros problemas aos telespectadores, ou seja, alienação, indução ao consumismo, exposição quase diária a filmes de violência, sensacionalismos, etc. Segundo Neurologistas, os efeitos “orgânicos” provocados por quem fica mais de 2 horas diante do aparelho de TV são “irreversíveis”, como é o causo da “desatenção” e da “latência do sono”.

Com a campanha "um dia sem televisão", realizada dia 05 de novembro, na Itália, os pediatras esperam chamar a atenção sobre os problemas que podem ser causados por passar tempo demais em frente à pequena tela, de obesidade à falta de socialização "Sabemos que, com 24 horas de moratória, não se resolve o problema, mas nosso objetivo é sensibilizar os pais e as crianças sobre que a televisão não tem que ser uma necessidade, e é possível ficar um dia sem ela", explicou o presidente da SIP, Pasquale Di Pietro.
No Brasil, por outro lado, país onde se passa primeiro pela televisão, ficando o livro, a escola e os programas culturais em segundo lugar, é mesmo de se esperar um quadro social tão caótico e confuso. Afinal, afirmam os estudos, o brasileiro vê TV 5 horas por dia, chegando a 6 horas nos finais de semana.
Existem dois tímidos projetos sobre a regulamentação da TV tramitando no congresso. Os dois contemplam propostas de se incluir 5% de cultura e 5% informação no horário nobre; o outro questiona a questão da concessão. Nenhum dos dois tem políticos discutindo a questão. Por quê? Fácil de se descobrir. As maiores redes do país têm seus interesses, disputas e não aceitam a regulamentação, chamando tais projetos de “cerceiamento da liberdade de imprensa”. E para isso despejam dinheiro no bolso dos deputados, dissuadindo o caso.
Outra questão que chama a atenção é a veiculação de propagandas de bebidas alcoólicas em horário nobre. A Anvisa determina que somente bebidas com teor entre 3 e 4% de álcool podem ser exibidos na TV antes das 21:00h. Mas do outro lado da questão tem a Ambev, que manipula e pedem aos deputados (mediante forte cachê) para votarem contra esses projetos. Como mostram os órgãos competentes, 61% dos brasileiros, quando escolhem bebidas alcoólicas, dão preferência a cerveja. Será por quê?
Fato é que precisamos chamar a sociedade para debater a questão da TV no Brasil, colocando as seguintes questões:
Qual é o papel da TV? Quais são seus riscos? Poderíamos ter uma TV com programas muito mais inteligentes e saudáveis, além de contribuir para a educação dessa sociedade extremamente midiatizada.

Artigo que publiquei no Jornal Chega São Paulo

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